quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Carta de fundação da SEMANA DOS REALIZADORES

Neste ano de 2009 fez aniversário um maio menos célebre do que o de 68, mas não menos importante para o cinema mundial. Há exatos quarenta anos, influenciados em muito por tudo que aconteceu no ano anterior, um grupo de cineastas franceses criava a Quinzena dos Realizadores, sessão paralela ao Festival de Cannes. Com esta iniciativa expressava-se menos uma revolta e mais uma constatação: o cinema era maior mesmo do que o maior de seus festivais, e por isso era preciso dar minimamente conta de um pouco mais desta que se convencionou chamar de Sétima Arte do que aquilo que a seleção oficial de um só evento conseguiria fazer.

Hoje, quarenta anos depois, nos vemos num cenário absolutamente distinto, mas igualmente fervilhante. Entre outros motivos, a verdadeira explosão das tecnologias de produção e difusão de imagens fez com que os festivais do Brasil e do mundo inteiro se vissem inundados por filmes inscritos e, com isso, a sensação resultante não é muito distinta da que tinham aqueles realizadores motivados por convulsões estéticas e políticas tão urgentes quanto as de hoje. O fato resultante é que nem aquele que tem sido considerado o maior festival de cinema do Brasil tem mais a possibilidade de dar conta desta verdadeira imensidão daquilo que se produz em audiovisual hoje no país. É com esta constatação, acima de todas, que nasce esta I SEMANA DOS REALIZADORES.

É importante que duas coisas fiquem bem claras de saída, já neste nascimento. A primeira é que sabemos que não será somando apenas mais uma outra seleção, que exibirá mais dez ou quinze filmes, que daremos conta de uma tamanha pujança produtiva e criativa como a que hoje atravessa o Brasil, "como nunca antes na história desse país" continental (em números absolutos e em abrangência regional). Até por isso já há tantos outros festivais e mostras pelo país, nos mais diferentes enfoques. No entanto, consideramos significativa a duplicação dos pontos de vista representada pelo simples fato de que passem a ser dois, e não mais apenas um, os olhares lançados sobre a produção audiovisual no contexto deste momento privilegiado do ano em que os olhos cinematográficos do país se voltam para o Rio de Janeiro. Isso não só é algo mais do que saudável, mas necessário mesmo, principalmente por surgir das ansiedades e demandas de um grupo de realizadores de filmes.

A segunda coisa que precisa estar bem clara é que este olhar não se pretende contrário, mas sim alternativo e complementar, ao que o Festival do Rio apresenta. Se vivemos uma época marcada por uma perspectiva cada vez mais polemista, é preciso constatar como a maior parte destas polêmicas não possuem de fato qualquer profundidade, marcadas pela facilidade das oposições antagônicas simplistas e dos factóides. Pois a SEMANA DOS REALIZADORES continua interessada em conhecer e ver aquilo que a Premiére Brasil nos deixará ver do cinema brasileiro a partir da semana seguinte à nossa realização. Acreditamos afinal que, se surgimos quarenta anos depois do evento que nos deu nossa inspiração primeira, precisamos também haver aprendido algo com as lições e caminhos desta história prévia. Por lá, hoje os dois espaços (o de uma "seleção oficial" e o de uma "dos realizadores") reconhecem o papel distinto de cada um deles - algo que ficou mais do que óbvio neste ano em que vimos um ganhador de duas Palmas de Ouro abrir a seleção da Quinzena dos Realizadores e uma série de realizadores descobertos nesta última participando da competição.

A nossa pequena e incipiente iniciativa nasce, portanto, com esta mesma ambição, nada pequena: não a de fazer ver alguns filmes AO INVÉS de outros, mas a de fazer ver e destacar MAIS filmes ALÉM daqueles que já se vêem.

Eduardo Valente
Felipe Bragança
Gustavo Spolidoro
Helvécio Marins Jr.
Kléber Mendonça Filho
Lis Kogan
Marina Meliande
Fundadores da SEMANA DOS REALIZADORES


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sexta, 18 de setembro, 21h30

Sagrado Segredo, de André Luiz Oliveira
(Brasil/DF - 2008 - 75min – 35mm)

Sagrado Segredo é um depoimento emocional da trajetória de um artista buscando compreender e resgatar o sentido mais profundo da mensagem original de Jesus Cristo. O personagem central, um cineasta, é o protagonista do próprio documentário que realiza. O filme apresenta uma temática universal – o encontro da arte com a fé – pelo retrato da manifestação popular mais eloquente de Brasília, a Via Sacra de Planaltina. O físico quântico indiano Amit Goswami analisa em profundidade o que aproxima e o que diferencia o cristianismo das outras grandes manifestações de fé.

Roteiro e Direção: André Luiz Oliveira
Produtor: Marcio Curi
Co-Produtores: Videografia (Renato Barieri), ABR Cinevídeo, Thor Filmes (Rojer Madruga), Adelson Barreto
Direção de Fotografia: André Lavenère
Trilha Sonora: Cláudio Vinícius
Montagem: Adelson Barreto
Som Direto: Chico Bororo
Elenco: Guilherme Reis, Yara Pietrikovsk, André Amaro, Renato Matos, Ana Cristina, Grupo Via Sacra de Planaltina


Passos no Silêncio, de Guto Parente

(Brasil/CE – 2008 - 17 min - 35mm)

Uma professora de alemão obstinada na tradução de um poema de Goethe.

Direção, Roteiro e Montagem: Guto Parente
Produtora: Alumbramento
Produção: Ythallo Rodrigues
Direção de Fotografia: Victor de Melo
Som Direto: Pedro Diógenes
Direção de Arte e Figurino: Thaís de Campos
Elenco:
Thaïs Dahas, Jordão Nogueira

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sábado, 19 de setembro, 21h30

Tudo Isso Me Parece um Sonho, de Geraldo Sarno
(Brasil/RJ - 2008 - 150min – 35mm)

Documentário e ficção se unem para realizar pesquisa sobre a vida do General Abreu e Lima, pernambucano que participou, ao lado de Bolívar, de batalhas que libertaram Colômbia, Venezuela e Peru da coroa espanhola. O filme discute o processo dessa pesquisa e o processo de construção do próprio filme. Dessa maneira, um filme histórico, biográfico, se entrelaça com um filme sobre o cinema.

Conceito e Direção: Geraldo Sarno
Produção Executiva: Isolda Libório
Produtores Executivos: na Venezuela: Cooperativa Socialista Guarura Filmes (Daniella Inojosa); em Recife: André Dib; em Brasília: Carlos Del Pino
Roteiro: Geraldo Sarno e Werner Salles
Pesquisa: Geraldo Sarno e André Dib
Fotografia: Pedro Urano e Pedro Semanovschi
Montagem: Luiz Guimarães de Castro, Christina Souza e Pablo Cardoso
Som direto: Nicolas Hallet
Direção de arte e cenografia: Ana Dominoni
Figurino: Ana Dominoni e Dora
Música: Lindenbergue Cardoso
Sonorização: Aurélio Dias
Elenco: Wilson Mello, Caco Monteiro e Nélia Carvalho.
http://planoinclinado.blogspot.com/2009/09/tudo-isto-me-parece-um-sonho-um-homem.html
Melhor Direção e Roteiro no Festival de Brasília 2008

Sábado, 19 de setembro, 24h00

Mangue Negro, de Rodrigo Aragão
(Brasil/ES – 2008 – 100 min - DigiBeta)
Certo dia, em uma comunidade de pescadores e catadores tão pobre quanto fora do tempo, a natureza resolve mostrar seu lado macabro. Do manguezal de onde sai o mísero sustento emergem zumbis canibais. Ninguém sabe o que causa a “contaminação”. O que importa é fugir e sobreviver para fugir de novo. A cada mordida, pais, amigos e irmãos se transformam em criaturas abomináveis. Diante de um horror que não recua nem com a claridade do dia, que não poupa sequer peixes e crustáceos, um sobrevivente relutante e amedrontado se descobre hábil com o machado – e péssimo na hora de se declarar para a morena que faz seu coração bater.

Direção,
Roteiro e Efeitos Especiais: Rodrigo Aragão
Produtora: Fábulas Negras
Produtor Executivo: Hermann Pidner
Som Direto e Montagem: Luciano Allgayer
Música: Jaceguar Lins
Efeitos Digitais: Mauricio Junior, Rodrigo Aragão
Elenco: Walderrama dos Santos, Kika de Oliveira, Ricardo Araújo, Mauricio Junior, Reginaldo Secundo, Antônio Lâmego
www.fabulasnegras.com
Melhor Filme Júri Popular, Buenos Aires Rojo Sangre; Melhor Diretor Estreante e Melhores Efeitos Especiais, Santiago Rojo Sangre; Melhor Filme Ibero americano, SP Terror
http://www.revistazingu.net/2009/05/dcb-entrevistacomrodrigoaragao.html


Bloco D, de Vinícius Casimiro
(Brasil/SP – 2009 – 6 min – MiniDV)

Um vigia noturno segue seu rastro de sangue pelo prédio.

Direção e Roteiro: Vinícius Casimiro
Produtora: BláBlá Filmes
Produção Executiva: Vinícius Casimiro, Thaisa Oliveira
Animação: Leandro Duarte
Direção de Fotografia: Thaisa Oliveira
Direção de Arte: Leandro Duarte
Som direto: Daniel Rodisanski
Montagem: Tatiana Custódio
Música: Rui Barossi
Elenco: Joeli Pimentel

Domingo, 20 de setembro, 21h30

Um Lugar Ao Sol, de Gabriel Mascaro
(Brasil/PE – 2009 – 71 min - HD)
Um Lugar ao Sol é um documentário que reúne depoimentos de moradores de luxuosas coberturas de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O diretor conseguiu acesso aos moradores através de um curioso livro que mapeia a elite e pessoas influentes da sociedade brasileira. No livro, foram catalogados 125 donos de coberturas. Desses, apenas 9 cederam entrevista. O documentário oferece um rico debate sobre desejo, visibilidade, altura, status e poder. É um filme que reflete sobre a classe dominante brasileira e a verticalização das cidades, abordando o imaginário sócio-cultural de um grupo pouco problematizado na cinematografia nacional.

Direção, roteiro e produção: Gabriel Mascaro
Produção Executiva: Stella Zimmerman e Rachel Ellis
Direção de Produção: Lívia de Melo
Direção de fotografia: Pedro Sotero
Montagem: Marcelo Pedroso
Trilha sonora: Iezu Kaeru e Luiz Pessoa
Som: Phelipe Cabeça
Colorista: Rogério (Movimento CG)
Mixagem de Som: Gera Vieira (Carranca)
www.simiofilmes.com/umlugaraosol
http://www.youtube.com/watch?v=iqVQTuGZv6E
Inédito no Brasil
Menção Especial no BAFICI (Buenos Aires) e no FIDOCS (Chile). Seleção oficial dos festivais de Los Angeles, Munique e Visions du Réel (Nyon, Suíça)



Quarto de Espera, de Bruno Carboni e Davi Pretto
(Brasil/RS – 2009 - 12 min - 35mm)
Um jovem usando uma máscara de gás transita em uma cidade vazia e cinzenta.

Direção: Bruno Carboni e Davi Pretto
Produtora: Teccine/Famecos/PUCRS e Tokyo Filmes
Roteiro e Produção: Davi Pretto
Direção de fotografia: Eduardo Púa
Direção de arte: Richard Tavares
Montagem: Bruno Carboni
Desenho de Som: Tiago Bello
Trilha Sonora: Diego Poloni e Mauro Bruzza
Elenco: Ian Ramil, João Carlos Castanha, Marcos Contreras, Heinz Limaverde, Marcelo Casagrande e Mauro Bruzza
Menção Honrosa no Prêmio Revelação – 20º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, 2009; Melhor direção de arte –
13º Festival Audiovisual do Mercosul, Florianópolis, 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Segunda, 21 de setembro, 19h30

Balsa, de Marcelo Pedroso
(Brasil/PE – 2009 - 48 min – HDV)

Entre uma margem e outra do rio, na suave cadência da navegação, encontros fortuitos com personagens revelam subjetividades que se anunciam de forma inesperada e transitória.

Direção e roteiro: Marcelo Pedroso
Produção: Juliano Dornelles
Fotografia: Ivo Lopes Araújo
Som: Thelmo Cristovam
Montagem: Marcelo Pedroso e Tatiana Almeida
Mixagem: Gera Vieira
http://docbalsa.blogspot.com/
http://www.youtube.com/watch?v=Bdx1LSOtOKY&feature=player_profilepage
Estréia mundial



Notas Flanantes, de Clarissa Campolina
(Brasil/MG – 2009 – 47 min - HDV)
Um dia me pediram para definir a cidade em que eu acordo todos os dias. A falta de resposta me levou a procurar um método para descobrir esse lugar que me é tão corriqueiro. Com o mapa de Belo Horizonte em mãos, sorteava o quadrante aonde deveria ir. O vídeo se constrói nesses passeios, revelando o cotidiano de lugares escolhidos ao acaso e do meu encontro com essa outra cidade.

Direção, Câmera e Montagem: Clarissa Campolina
Produção Executiva: Diana Gebrim
Produtor Associado: Helvécio Marins Jr.
Direção de Produção: Ana Regina Fernandes
Som Direto, Edição e Trilha Sonora: O Grivo
Texto: Clarissa Campolina e Sérgio Borges
Seleção do Festival de Locarno 2009

Segunda, 21 de setembro, 21h30

Acácio, de Marília Rocha
(Brasil/MG – 2008 – 88 min - DV/HDV)

Entre 1918 e 2008, Acácio Videira e Maria da Conceição dividiram a vida entre Portugal, Angola e Brasil. A partir da história do casal, o filme interliga os três países e reflete sobre as relações coloniais, a guerra, a memória.

Direção: Marília Rocha
Argumento e pesquisa: Glaura Cardoso Vale
Roteiro e textos: Clarissa Campolina, Marília Rocha
Produção: Diana Gebrim, Glaura Cardoso Vale
Produtores Associados: Helvécio Marins Jr., Luana Melgaço
Produtora: Teia
Fotografia e câmera: Clarissa Campolina, Marília Rocha
Imagens de arquivo: Acácio Videira
Som direto: Pedro Aspahan
Montagem Clarissa Campolina
Finalização e créditos: Roberto Bellini
Edição de som, mixagem e trilha sonora: O Grivo
Personagens: Acácio Videira, Maria da Conceição Videira, Gambôa Muatximbau
www.acacio.teia.art.br
Seleção oficial dos festivais de Roterdã, BAFICI (Buenos Aires), Guadalajara



O Menino Japonês, de Caetano Gotardo
(Brasil/SP – 2009 - 18 min - 35mm)
Enquanto eu o olhava se afastar, por um momento tive a sensação de que sabia exatamente o que era ser ele. Aquele menino, naquela situação.

Direção, Roteiro e Montagem: Caetano Gotardo
Produção Executiva: Sara Silveira
Direção de Produção: Daniel Tonacci e Juliana Vasconcelos
Produtoras: Dezenove Som e Imagens e Filmes do Caixote
Direção de Fotografia: Heloisa Passos
Som Direto e Edição de Som: Daniel Turini
Direção de Arte: Felipe Diniz
Elenco: Rômulo Braga, Caetano Gotardo e Paulo Azevedo